domingo, 27 de outubro de 2013

Pai, Filhos, Professores & Bullying



Dificuldades de aprendizado, resistência em ir à escola e insônia são apenas alguns dos indícios do bullying, uma prática muitas vezes comum e que preocupa cada vez mais.
Entenda como funciona este tipo de comportamento:

Em maio deste ano, o município de São Paulo sancionou um projeto de lei que cria assistência psicopedagógica nas escolas da rede pública da prefeitura para, entre outras razões, diminuir o bullying na capital paulista. Segundo uma pesquisa realizada pelo IBGE em 2012, com alunos do 9o ano do ensino fundamental de 6.780 escolas, São Paulo é a sétima capital brasileira com mais bullying – e Brasília está no topo do ranking, com 35,6% dos estudantes declarando serem vítimas constantes de agressão. O estudo mostra, ainda, que os meninos estão mais frequentemente envolvidos nesse tipo de comportamento, seja como agressores, seja como vítimas.
 
O bullying sempre existiu, mas, no Brasil, recebeu o nome americano apenas nos últimos anos, e tem ganhado cada vez mais atenção por causa de suas consequências destrutivas para os jovens. Infelizmente, sabemos como esse comportamento é comum em praticamente todas as escolas: a criança introvertida, com baixa autoestima e traços físicos e psicológicos que saem da média dos colegas em geral é escolhida para sofrer agressões verbais e até mesmo físicas.
 
As ações podem parecem muitas vezes inofensivas e banais, mas sua constante repetição, o caráter de humilhação, intimidação e exclusão dos jovens faz com que sejam um mal que deve ser cortado desde o início para que não cause sequelas – muitas vezes para a vida inteira – da vítima, podendo inclusive levar a consequências extremas, como o suicídio e a tentativa de homicídio.
 
Belo Horizonte, que aparece em segundo lugar no ranking do IBGE, com 35,3% dos alunos de 9º ano relatando sofrer constantes agressões, foi também alvo de outro estudo, desenvolvido pelo psicólogo Cláudio Júnio Patrício, da UFMG. O especialista detectou, através de pesquisa feita com 1.199 alunos de 33 escolas privadas e públicas, que o bullying acontece em geral na sala de aula, principalmente entre adolescentes de 13 a 17 anos. A média encontrada foi de 9,1% dos jovens admitindo terem sido vítimas dessas ações, a maioria deles de escolas particulares.
 
Apenas em 2013, a capital mineira já registrou diversos casos graves de bullying com repercussão na mídia, entre eles uma tentativa de homicídio e também o caso do estudante que conseguiu na justiça indenização de R$ 10 mil da escola que não agiu adequadamente em relação às agressões e humilhações sofridas.
 
Neste caso, a mãe do aluno agredido foi fundamental para dar apoio e buscar a resolução do problema. E você, como mãe, pai ou responsável, qual é o seu papel para proteger seu filho desse tipo de assédio? Em primeiro lugar, deve-se cobrar da escola uma intervenção imediata. O professor, que está na sala de aula presenciando essas ações, pode ajudar a identificar os envolvidos. A equipe gestora deve se envolver também conversando com a família e atuando para resolver o problema.
 
Em casa, é essencial manter o diálogo e estar atento a alguns sinais, como dificuldades de aprendizado, resistência em ir à escola, tristeza (choro, sentimento de exclusão, depressão, insônia, pesadelos), entre outros. O mais importante é demonstrar ao jovem que ele não está desamparado, que ele tem valor e que você irá buscar uma solução para o problema.
 
Você já passou por uma situação de bullying, ou já vivenciou isso através de seus filhos, parentes ou amigos? Como lidou com a situação? Qual foi o papel da escola nesse sentido? Compartilhe sua experiência com a gente.