quarta-feira, 11 de setembro de 2013

O papel do pai nos dias de hoje

O papel do pai nos dias de hoje


O papel do pai nos dias de hoje
Foto: Hero Images/Corbis

O pai acorda cedo, sai enquanto os filhos ainda estão dormindo e passa o dia trabalhando. Só os vê à noite, fica um pouquinho com eles e logo todos vão dormir.
Publicidade
A mãe, por sua vez, fica em casa o tempo todo, e passa o dia cuidando apenas da casa e da educação dos filhos.

Esse cenário, para quem é muito jovem, parece ficção. Mas ele era padrão e ainda pipoca em algumas casas pelo país. Por conta dessa divisão tão determinada de tarefas, a figura paterna ganhou alguns estereótipos. Um deles é o de que precisava se preocupar em prover financeiramente a casa e, por isso, não tinha tempo para ficar com os filhos. Era uma figura distante.
Só que nos dias de hoje, os papeis se misturaram por conta da evolução dos tempos e da própria economia brasileira. Em muitos lares os dois pais trabalham para garantir o sustento da casa e da família e a própria mulher passou a exigir mais a participação da figura paterna na vida dos filhos.
Renato Kaufmann, criador do blog "Diário Grávido" e autor dos livros "Diário de um Grávido" e "Como Nascem os Pais", ambos lançados pela Mescla Editorial, também acha que o mundo está em plena transformação social e cultural e vê como foco central dessa mudança a entrada das mulheres no mercado de trabalho. "O fato de elas estarem menos disponíveis em casa praticamente obrigou o homem a participar mais da vida doméstica e dos filhos", diz.
Com isso, a psicóloga clínica Marisa de Abreu acha que a mudança ajudou a renovar os conceitos tanto do pai quanto da mãe. "Os pais cada vez mais vêm gostando de dar comida, trocar fraldas e ficar mais tempo com seus filhos. As mães vêm tendo menos peso na consciência de saírem para trabalhar. São raros casos nos quais a troca é completa, a mãe trabalha e o pai fica em casa, mas também funciona, por que não?"
 
Essa história de que a ligação entre mãe e filho é forte a ponto de limitar a participação do pai precisa ser melhor avaliada. Isso porque qualquer ligação afetiva da criança precisa ser construída com qualidade e intensidade necessárias. "A relação é forte com quem o filho tem contato. Se ele ficar todo o tempo com a avó, ou mesmo ter um tempo de maior qualidade com ela, terá um laço mais forte com esta avó do que com sua própria mãe", comenta a psicóloga.

O blogueiro e escritor acha que existem fases da vida da criança em que o pai fica de escanteio. Mas, ao mesmo tempo, garante que é possível amenizar essa distância. O pai pode dar banho, alimentar e brincar com a criança. "Não acredito em um papel super determinado, por exemplo, a mãe só acolhe e o pai impõe disciplina. Isso vai do arranjo de cada casal. O importante mesmo é participar", acredita.
A aproximação do pai com a criança pode sofrer certos bloqueios se a mãe ainda carregar consigo aquele conceito antigo de divisão de papeis muito definido, na qual o pai não cuida e mãe não provê. "Entretanto, não há poda que seja eficiente se o pai não ‘entrar na onda da mãe’. Ela pode podar agora, mas depois o pai vai lá e cria um momento de intimidade com este filho, que irá fortalecer o vínculo de forma muito bacana", diz ele.

O mais importante é que a criança encontre em seus pais figuras de admiração, pessoas nas quais ela possam se espelhar. E a figura paterna pode ter algumas falhas e, acredite, elas podem ser até frutíferas! "Por meio delas o pai ensina ao filho que as pessoas não são perfeitas e que os erros foram feitos para aprendermos com eles e tentarmos melhorar a cada dia", pensa Marisa.
 
Juliana Falcão (MBPress)